quarta-feira, 25 de novembro de 2009

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Lá estava ela a olhar para aquele rapaz com desdém, não sabia porquê mas todas as suas expressões eram tão conhecidas e claro sempre a pensar que tinha que ignorar.

A vida prega partidas e como chuva que bate sempre na mesma pedra e começa a desfazê-la lentamente, era assim a presença dele na vida dela.

Ela bem queria que as aparições fossem menores para a sua cabeça não começar logo a trabalhar como uma locomutiva que queima carvão ao ritmo de uma avalanche...

O sorriso fácil começa a ganhar piada e a boa disposição começa a ganhar espaço e ela cheia de resistência começa a tentar baixar as defesas mas entra em morte cerebral... só sai mer#@&...

"Sim, só tenho jeito com quem já conheço!" - pensa ela.

Até lá é sempre uma batalha e o sentimento de exposição é tão grande que paralisa. Antigamente usava o humor e de forma indecente para ganhar espaço... acabava por ficar exposta e de uma forma tão má pois as pessoas não a viam como ela era mas como ela se mostrava ser.

Para manter essa máscara ficava em situações agressivas pois a energia que usava para se "impor", "ganhar raizes" era tão fora dela que a agressividade que recebia era de tal ordem que para "sobreviver" reagia... logo não parava a escalada de violência que ela se sujeitava e exercia...

Passar por esta nova experiência de não ter nada que dizer... ou melhor não conseguir dizer absolutamente nada. A rejeição que sente é tão grande, completamente desenquadrada no ambiente.

O assustador nesta história não é ela estar a passar por isso mas sim aperceber-se que SEMPRE sentiu isso e que andou a adiar... adiar... adiar... o enfrentar do que lhe provoca dor.

O de sentir que não pertence aqui. O vazio imenso dentro dela.

Ao ver aquele rapaz ela sente exactamente o mesmo que sentiu com a sua primeira paixão, toda a insegurança a vir ao de cima.

Agora ela sabe disso e promete a si própria que vai tentar não mostrar o que não é e que vai tentar passar pelo desconforto que ela sente.

Não conseguir entregar-se ao desconhecido, não conseguir dar o mergulho de olhos fechados e de coração aberto... estando sensível a todas as sensações, a todos os toques, a todos os beijos...

Estar sensível a ela, e entregar-se pela primeira vez... realmente... entregar-se à Vida.

Ao vê-lo, a dor vem toda ao de cima e o coração fica apertado e no fundo ela recorda-se que ainda não fez o que a sua Alma desde sempre lhe pediu... "-Experimenta... não penses... se for para chorar chora!... mas depois no fim, no final de toda essa libertação... ao ver-me vais sentir o quanto cresceste em luz com tudo isso. O quanto estou orgulhosa de ti por te fragilizares pois só assim é que chegas cada vez mais perto de mim."

Neste momento, o que ela vai fazer... eu não sei... e desejo que ela também não.

Desta forma ela vai tentar aprender alguma coisa diferente pois vai tentar agir de forma diferente... desta vez em conformidade com o que ela sente. E isso sim é algo muito diferente do que ela não realidade fazia.

Quanto a ele e ela, vou ficar atenta a todas a suas movimentações e desejando sempre o que é melhor para ela. Que cada nova experiência seja optimizada e que se traduza numa nova aprendizagem.


... Eu ...

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